São João (Lajes do Pico)
BREVEMENTE
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Coordenadas: 39° 23′ 20″ N, 31° 09′ 59″ O
Gentílico: ‘fazendense’
Concelho: Lajes das Flores
Área: 9,43km².
População: 278 (hab. 2001)
Densidade: 29,5 hab./km²
Orago: Senhor Santo Cristo
Fazenda é uma freguesia rural açoriana do concelho da Lajes das Flores, com 9,43 km² de área e 278 habitantes (2001), a que corresponde uma densidade populacional de 29,5 h/km². A Fazenda das Lajes situa-se a cerca de 2 km do centro da vila sede do concelho, estabelecendo com ela continuidade urbanística e geográfica. Parte importante dos serviços públicos governamentais sediados no concelho estão localizados na Fazenda, localidade que se assume assim como um prolongamento natural da vila das Lajes das Flores. A paróquia católica correspondente à freguesia tem como orago o Senhor Santo Cristo. Foi a última freguesia a ser criada na ilha das Flores, por desanexação da Vila das Lajes.
A Freguesia
A freguesia da Fazenda desenvolve-se de forma quase linear ao longo da estrada que liga a vila das Lajes à vila de Santa Cruz das Flores, num território relativamente aplainado que vai suavemente ascendendo em direcção ao noroeste. Embora existam algumas habitações situadas ao longo do antigo traçado da estrada, bastante sinuoso, a generalidade das povoação está hoje implantada ao longo da Estrada Regional, zona onde se situam os principais imóveis e os serviços sitos na freguesia.
Esta implantação faz da Fazenda um prolongamento natural da vila das Lajes das Flores, mantendo a mesma leitura urbanística e arquitectónica, não deixando adivinhar os limites respectivos.
Aquando do Censo de 2001 a freguesia da Fazenda contava com 278 habitantes, dos quais 23.02% eram crianças e adolescentes e 76.98% adultos e idosos. Estavam recenseados na freguesia (2004) 235 eleitores. Reatando uma tradição secular de emigração para as Américas, ao longo das décadas de 1950 a 1980 a maior parte da população em idade activa abandonou a freguesia, fixando-se maioritariamente nos Estados Unidos da América e no Canadá.
Fazenda é caracterizada pela excelência das suas terras, pelo que parte considerável da sua população ocupa-se ainda em actividades do sector primário, com destaque para a agro-pecuária. Contudo, a sediação de serviços na freguesia, e a proximidade em relação à vila, alterou a economia da freguesia, que hoje já conta com elevada percentagem dos seus activos a trabalhar no sector dos serviços.
De salientar o importante efeito económico que teve a presença na Fazenda, durante muitos anos, da União de Cooperativas das Flores, herdeira do movimento do sindicalismo agrícola florentino. Apesar da fábrica estar hoje localizada nos arredores de Santa Cruz das Flores (nos Vales), a Fazenda continua a ser o centro nevrálgico do associativismo agrícola na ilha das Flores.
Assumindo-se como local de passagem entre as vilas, a Fazenda dispõe de dois restaurantes, quatro bares e uma pensão familiar.
Como a maioria das freguesias açorianas, a Fazenda tem um associativismo fértil em iniciativas, contando com as seguintes instituições:
• Grupo Desportivo Fazendense, surgido na década de 1950, inaugurando o seu campo de futebol em Agosto de 1950. Trajava um equipamento composto por camisa com riscas transversais em azul claro e calção azul escuro. O emblema tinha desenhada uma bola e as iniciais G. D. F. – Grupo Desportivo Fazendense. O campo da Fazenda, inaugurado com um jogo entre o Grupo Desportivo Fazendense e o Sporting de Santa Cruz das Flores foi durante muitos anos o único da ilha, aí passando a ter palco todos os encontros de futebol realizados nas Flores. Após a inauguração da Rádio Naval das Flores, na nas Lajes, e da organização de uma equipa de futebol composta por marinheiros que ali se encontravam instalados, entre 1953 e 1954, a equipa Fazendense foi reorganizada. A equipa passou a utilizar o equipamento preto da Académica de Coimbra e a designação de Futebol Clube Fazendense. Apesar de alguns períodos de suspensão, a equipa manteve-se sempre em actividade, entrou para o futebol federado, contando com boas exibições e muitos troféus.
• Sociedade Filarmónica União Portuguesa da Califórnia, fundada na década de 1930, com o nome de Colónia Portuguesa da Califórnia. A sua criação resultou da aquisição de instrumentos para a orquestra do grupo coral masculino da igreja da Fazenda das Lajes, cujos custos foram totalmente suportados por Maria Alves Estácio, uma fazendense emigrada na Califórnia. Com a intenção de fundar uma Filarmónica na freguesia, surgiu então uma comissão angariadora de fundos, constituída por Francisco de Freitas Silva, José Gomes Trigueiro (que se tornou regente da nova Filarmónica) e Francisco Coelho Gomes. Foi aberta então uma subscrição de donativos no jornal União Portuguesa, que se publicava na Califórnia, de que era proprietário e director o fazendense Manuel de Freitas Martins Trigueiro. Em complemento, foi criada conta credora de um dia de leite mensal entregue na Cooperativa de Lacticínios da Fazenda, como donativo dos lavradores locais. Da conjugação do esforço de emigrantes e lavradores, criou-se uma escola de música para jovens e uma filarmónica, que se estreou no dia 9 de Abril de 1939, aquando da tradicional procissão do Senhor dos Enfermos. A sua primeira deslocação foi feita à Fajã Grande, a 7 de Setembro desse mesmo ano, participando na festa de Nossa Senhora da Saúde e na inauguração do campo de futebol do Fajã Grande Sport Club. O actual nome surgiu durante a década de 1960, quando a filarmónica se inscreveu na Junta Geral do Distrito da Horta, passando a receber um subsídio para a sua escola de música. Esse nome viria a ser legalmente assumido através da escritura lavrada no Cartório Notarial de Lajes das Flores a 9 de Junho de 1971. Foi a primeira Filarmónica florentina a possuir estatutos legalizados. Em resultado da emigração, suspendeu a sua actividade nos primeiros anos da década de 1990.
Na Junta de Freguesia funciona uma ludoteca e um clube informático, permitindo acesso gratuito à Internet.
No património edificado da freguesia contam-se os seguintes elementos de interesse:
• Igreja paroquial do Senhor Santo Cristo, um dos mais belos templos das Flores, com um altar-mor em talha dourada de rara graciosidade
• Casa do Divino Espírito Santo, construída em 1868, e ampliada em 1991.
• Monumento de Homenagem ao dr. António de Freitas Pimentel, inaugurado em 1963 no jardim fronteiriço à igreja do Senhor Santo Cristo.
• Os fontanários da Barreira, do Tabuleiro, da Fonte Chamorra, das Eiras, do Caminho de Baixo, da Eirinha Velha, da Ribeirinha e do Pico.
• Os moinhos de água classificados como de interesse municipal.
Entre as figuras mais notáveis nascidas nas freguesia contam-se os irmãos José de Freitas Pimentel (1894-1920), médico que se celebrizou no combate à pandemia de gripe espanhola na ilha do Pico, e António de Freitas Pimentel (1901-1981), médico e político, que durante muitos anos dominou a vida política do antigo Distrito Autónomo da Horta. Em memória deste último, o largo ajardinado fronteiro à igreja denomina-se Largo Dr. Freitas Pimentel, tendo em 1963 nele sido inaugurado um monumento que o homenageia.
A principal festividade da Fazenda realiza-se em honra do Divino Espírito Santo, no domingo de Pentecostes, durante uma semana. Também se realiza a Festa de São Pedro, no fim-de-semana mais próximo de 29 de Junho, durante três dias e a festa do padroeiro, Senhor Santo Cristo dos Milagres, no primeiro fim-de-semana de Agosto, durante três dias. Existe também a tradição de realizar o Dia da Agricultura, com leilão de gado, normalmente, no mês de Junho, promovido pelo Serviço de Desenvolvimento Agrário da ilha e pela Associação Agrícola das Flores.